Tradução de Rodrigo Santana
Que nos
sirva esta consideração do Padre Lacunza sobre a marca da besta, para que não
tenhamos idéais díspares que nos impeçam de ver a realidade, e pior ainda;
esperando com a fantasia da imaginação, que se produzam e realizem para começar
a perceber, quando já tenha
passado muita água debaixo da ponte.
Não há
que se esquecer ademais, que devemos ter presente que a marca é produzida (a realiza
ou imprime) pelo Anticristo religioso, que tem nome próprio: o Pseudo-Profeta,
a segunda besta (ou melhor, pelo furor de seu poder religioso) que sai da
terra, e não da primeira besta (ou fera pelo furor de seu poder político), o
Anticristo político, que sai do mar e tem sete cabeças (que expressa uma
coalizão política internacional mundial). Pelo
qual, esta marca é em primeiro lugar de caráter religioso, e não de ordem ou
caráter político, como muitos inadvertidamente creem e pensam.
Lamentavelmente,
a atenção tem sido desviada imperceptivelmente, fixando-se mais na primeira
besta que sai do mar, o Anticristo político (com toda a fantasia de um quase
Napoleão hebraico), do que na segunda besta que sai do abismo do infernal da
terra, com dois chifres semelhantes aos de um cordeiro (imitação de Cristo),
com a imagem (fachada), o poder e a autoridade de Cristo, mas que fala como o
Dragão (a língua bifurcada da serpente, mas com patas, pois é o dragão) que com
sua longa, rastejante, sinuosa e sedutora cauda, é das duas bestas, a mais
perigosa e mortífera para as almas. Como é hoje o Novo Catolicismo
"democrático, humanitário, progressista", tal como o denomina o Padre
Castellani (Os Documentos de Benjamin Benavides, ed.
Dictio 1978, Bs.As. p, 256), o qual vem a
ser como uma paródia
da Santíssima Trindade com a sua trilogia da Liberdade, Progresso e Democracia,
ou se quiserem, de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, pois o mundo moderno tem
nisto o objeto de sua idolatria científico-técnica.
Roma,
torna-se assim a cabeça da Nova Religião Modernista, convertendo-se na Roma
apóstata, sede do Anticristo (religioso), como profetizou Nossa Senhora de La
Salette. A
Nova Igreja Pós-conciliar, desde sua capital Roma apóstata, arrasta os fiéis
para a Apostasia Universal. Trata-se
da Nova Religião democrática antropoteísta do Humanismo Integral.
"...
parecerá sem dúvida visível e evidente a quaisquer que quiserem vê-lo, que o
caráter, o nome ou identificação de que fala a profecia, não pode significar outra
coisa, óbvia e naturalmente que uma profissão pública e descarada daquele ABRENUNTIO (renunciar ao), ou fazer profissão de
renegado que parece o caráter, ou o espírito, ou o distintivo próprio de toda
besta. Assim
o tomar este caráter, não será outra coisa, que tomar o partido pela liberdade, um solvere Jesum, público e manifeto; uma apostasia formal da
profissão de fé cristã professada anteriormente. Diz-se
que este caráter o levará na face ou nas mãos, para denotar publicidade e descaro,
com que se professará já então o cristianismo; pois a face e as mãos são as
partes mais públicas do homem, e ao mesmo tempo são ainda dois símbolos
propícios, o primeiro do modo de pensar, o segundo do modo de obrar. Desatados
de Jesus, como desatados da verdade e sabedoria eterna, não há dúvida que ficarão
a face e as mãos, isto é, pensamentos e operações, numa suma liberdade, mas
liberdade não já de racionais, senão de brutos, (...)
Diz-se
que não poderão comprar ou vender os que não levem este caráter, para denotar o
estado lastimável de desprezo, de escárnio, de ódio, de abandono no qual
ficarão os que quiserem conservar intacta sua fé; e também para denotar a
terrível tentação e
o sumo perigo que será para eles este desprezo, escárnio, ódio e abandono,
vendo-se excomungados de toda linhagem humana. O
próprio Jesus Cristo, nos assegura em particular que naqueles tempos de
tribulação, mesmo os parentes e as pessoas da própria casa serão os maiores
inimigos dos que quiserem ser fiéis à Deus (...)
Diz-se enfim,
que a segunda besta com dois chifres, e não a primeira, será a causa imediata
da grande tribulação (...). Do qual se inferem duas
boas consequências. Primeira,
que assim como a besta de dois chifres é toda metafórica, como é a primeira; assim
o caráter desta, o ato de tomar este caráter e de levá-lo na testa e nas mãos,
são expressões puramente metafóricas, que só podem
ser verdadeiras per similitudinem, non per proprietatem. A
segunda coisa que se infere, é que o tomar e levar publicamente este caráter, deve
ser um ato livre e voluntário, não forçado. A
razão é porque o poder desta besta não pode consistir em outra coisa do que nas
suas armas: e essas armas que são de cordeiro, isto é, seus chifres, as de
dragão, milagres, etc, não são a propósito para obrigar por força e violência, senão
para mover e persuadir com suavidade. Em
suma, o que nos é dito por todas essas semelhanças, não parece outra coisa
senão que a segunda besta terá a maior parte e a máxima culpa na perdição dos
cristãos. Ela será a causa imediata, com suas obras iníquas e suas palavras
sedutoras, de que os cristãos entrem na moda e se acomodema ao gosto do século,
rompendo aquela corda da Fé que os tinha atados com Jesus, e declarando-se pelo
Anticristo."
(A Vinda
do Messias na Glória e Majestade - La Venida del
Mesías en Gloria y Majestad, Lacunza.
Paris, 1825 p.254, 255, 256, 257.)
P. Basilio Méramo
Bogotá, Fevereiro 17 de 2012